quinta-feira, 30 de abril de 2009

¡Que crise animal!

Animais dispensados do Zoológico do Bronx

Animais do zoológico mais antigo dos Estados Unidos acabam de entrar na onda de demissões da crise econômica mundial. Um déficit de 15 milhões de dólares forçou o zoológico do Bronx, em Nova York, a dispensar centenas de animais de seus domínios, ordenando seu envio a outras instituições do país. (Fonte: Veja Online)

Exercício: Agora, imagine que você assumiu o lugar do Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizaçoes Globo, e também precisa urgentemente cortar despesas. Que animal você demitiria primeiro?
Consulte a resposta correta.

¡Berlusconi e suas mulheres!

De todas as notícias que pude ler hoje, a que mais me chamou a atençao nao foi nem a notícia em si, mas alguns comentários de uma italiana no fórum de debates logo abaixo da reportagem no site do El País. A matéria leva o título: Berlusconi retira a la mayoría de las 'misses' de las listas europeas de su partido.

Em resumo, trata-se dos comentários da esposa do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, sobre a iniciativa tomada pelo partido liderado pelo maridao de lançar às próximas eleiçoes legislativas várias candidatas com formaçao e engajamento político discutíveis. Os principais critérios para a escolha seria simplesmente a beleza estética acima da média e a popularidade que algumas delas já têm ao apresentar programas televisivos de sucesso na velha bota - algumas, inclusive, sao funcionárias nos canais do próprio Berlusconi.

A estratégia de Berlusconi e mesmo o "piti" público de sua senhora nao me impressionam, afinal nao é a primeira vez que a primeira-dama comenta as peripécias do "garanhao italiano" publicamente. Além disso, nao espero muito de um chefe de governo que teve a falta de sensibilidade de proferir a seguinte pérola para os milhares de desabrigados do terremoto que vitimou a Itália recentemente: "Nao falta nada para eles. Têm cuidados médicos e comida quente. É como um fim de semana em um acampamento".

O interessante ao ler a notícia foi justamente os comentários de uma italiana identificada somente como Maria (estao todos postados no mesmo link da notícia no primeiro parágrafo). Entre alguns disparos venenosos contra a atual situaçao econômica da Espanha - normal, espanhois e italianos nutrem uma picuinha secular -, ela escreve algumas frases como: "Sabem por que as italianas nao saem de casa? Porque lá é genial, as pessoas estao contentes e a mentalidade das mulheres está com Berlusconi". E finaliza: "A sociedade italiana é assim mesmo, a mulher em casa cozinhando para os... enfim. Os italianos estao contentes e consideram Berlusconi um vencedor".

Primeiro, é no mínimo curioso ela ter desistido, enquanto escrevia, de digitar o pensamento completo para dizer que cozinham...para os homens. Como se, de repente, o orgulho tivesse dado lugar a um conformismo enrustido. Mas, principalmente, é um pouco decepcionante em um primeiro momento e revoltante depois - já me explico - verificar como algumas mulheres europeias ainda conservam um pensamento pitoresco de sua própria importância em uma sociedade moderna. Elas recebem educaçao, sebem falar um ou dois idiomas além da língua do país que vive, falam de arte e cultura, mas enxergam seus deveres cívicos e morais igual a qualquer mulher de um país subdesenvolvido da América Latina, que nem de longe teve as mesmas oportunidades de adquirir uma consciência mais evoluída em comparaçao às europeias.

Daí surge uma pontinha de revolta. Um brasileiro que já viveu um tempo razoável ou que vive na Europa - fora dos eixos de visitas turísticas - sabe como os europeus se julgam mais "avançados" em quase tudo relacionado à política, economia e sociedade. No entanto, é só eles olharem um pouco para o reflexo do próprio espelho para comprovar que nao é bem por aí. E nesse mesmo sentido, podemos dizer que Berlusconi é muito mais que uma simples rachadura no vidro. É uma quebra que proporciona muito mais que sete anos de azar.

¡Vão ficar na mão!

Mulheres do Quênia fazem greve de sexo por governo de união

Grupos de ativistas mulheres no Quênia estão promovendo uma semana de greve de sexo em protesto contra as disputas dentro do governo de coalizão do país.

Patricia Nyaundi, diretora-executiva da Federação de Advogadas Mulheres (Fida), uma das organizações que participam da campanha, disse esperar que a greve de sete dias obrigue os rivais a se entender. Ela afirmou que a campanha vai começar no próprio quarto, e que já foram enviadas emissárias para convencer Ida Odinga (mulher do primeiro-ministro) e Lucy Kibaki (mulher do presidente) a participar e liderar o protesto.

"Grandes decisões são tomadas durante conversas na cama, então, estamos pedindo a essas duas senhoras que neste momento de intimidade peçam aos maridos: 'Querido, você pode fazer alguma coisa pelo Quênia?'", disse Patricia ao programa Focus on Africa, da BBC.(Fonte:Folha online/BBC)

Se a moda pega, tem governantes que iriam sofrer mais que outros, né não, Sarzozy?

¿O que comprar na farmácia mais proxima?

Em tempos de gripe suína, estou com dúvida de o que comprar na farmácia da esquina... Com tanto alerta de pandemia, até o Wolverine, mesmo com seus poderes de cura intantânea, está com medo de colocar a cara pra fora!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

¡Ahmedinejad pode ser bom para o Brasil!

Somente hoje, ao ler a coluna Radar on-line no site da Veja, tomei conhecimento da visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmedinejad, ao Brasil, que ocorrerá na semana que vem (me perdoem os leitores mais críticos, mas lembro que estou morando em Madrid e ainda me encontro em uma epópeia espanhola para fazer meu DNI e a matrícula na posgraduação de Relações Internacionais da Complutense de Madrid.

Deixando o fator polêmico de lado, vale a pena analisar com olhos atentos os benefícios que essa aproximação de diálogo pode render ao Brasil. Esclareço que não tenho admiração nenhuma para com o "excentrico" Ahmadinejad e tampouco compartilho as ideias e conclusões dele em relação a Israel e ao Holocauto. No entanto, se tem alguma coisa que os oito anos da era W. Bush já nos mostrou é que o isolamento dos países islamicos e o maniqueísmo infantil da classificaçao "Eixo do Mal" não resolverão o problema - nem o de Israel, nem o dos Estados Unidos e muito menos o do conflito cultural entre mulçumanos e o resto do mundo.

É uma ótima oportunidade para o Brasil iniciar um envolvimento maior em assuntos internacionais fora das fronteiras da América Latina e galgar, não com verborrogia nacionalista, mas sim com diplomacia e uma certa dose de barganha comercial, uma maior participação nas decisões de importantes questões mundiais. Ponto para o Lula nesse aspecto, que com sua popularidade dentro e fora do país pode e deve arriscar iniciativas menos conservadoras em políticas internacionais.

O fator Barack Obama também alivia a tensão e, certamente, foi avaliado pelo governo e o Itamaraty ao oficializar o convite. No governo norteamericano anterior, realmente seria uma casca de banana e poderia ser interpretado como um deslocamento de Lula em direção aos radicais que teimam em promover ideiais ultrapassados do século 19 - vulgo Chavez, Evo Morales e o próprio Ahmedinejad -, mas é indiscutível que atualmente o mundo surfa em ondas mais favoráveis para um diálogo responsável, sem os amendoins que muito possivelmente Bush jogava para o alto enquanto seus conselheiros e generais falavam de política internacional.

Ao receber o iraniano, o Brasil pode dar um passo importante para ajudar a abrir um canal de comunicaçao entre Irã e Estados Unidos e sair fortalecido. Já deviamos ter atingido a maturidade suficiente para entender a complexidade que envolve as querelas entre Ocidente e Oriente Médio e parar de comprar uma briga sem sentido, como uma criança que entra em uma briga para defender o amiguinho mais legal, mesmo sem conhecer bem o motivo da peleja. Quando não se entende de verdade o motivo, o certo é tentar separar e promover um entendimento quando possível, até porque, se você "chega na voadora", é bom ter certeza de que está lutando do lado certo e que o seu "amiguinho" também te ajudará em uma próxima. Ademais, deve ser levado em consideraçao o aspecto econômico - aos puritanos de plantão, sem falsas demagogias, por favor.

A atual gestão brasileira é criticada, com razão, justamente por ter negligenciado a necessidade de acordos bilateriais para apostar todas as fichas na ainda viva, porém combalida, Rodada Doha. E o que a crise atual nos mostra é exatamente que, em um mundo globalizado, quanto mais diversificada estiver a lista de players comerciais, melhor. Para quem não sabe,o Irã é detentor de boa parte do petróleo no Oriente Médio, mas importa 40% do combustível que consome devido a sua reduzida condição de refinar o próprio petróleo. Isso se soma ao fato de que a Petrobrás possui plataformas no país xiita. Finalizando com argumentos econômicos, o governo de Teerã também está entre os maiores compradores de milho produzido no Brasil e foi o principal mercado no Oriente Médio  para as exportações brasileiras em 2006 e 2007.

Para seguir a linha de raciocínio do presidente Lula, que adora uma metáfora futebolística, depois de tantas tonterias protagonizadas pelo governo atual no que diz respeito à política internacional, finalmente pinta uma jogada que pode resultar em golaço.